Resposta ao Jornal Expresso

Caro Rui Gustavo

Em sequência da conversa telefónica tida hoje, venho por este meio reforçar aquilo que disse verbalmente e que o Grupo VITA considera importante salientar.

  1. Até ao momento, o Grupo VITA recebeu um total de 65 pedidos de compensação financeira, num universo de 125 pessoas que nos contactaram.
  2. A maior parte destas pessoas tem sido encaminhada para apoio psicológico, sendo esta a necessidade que é mais frequentemente reportada.
  3. Relativamente aos processos de atribuição de compensação financeira, foram até ao momento escutadas 28 pessoas, estando as restantes agendadas até ao final do mês de junho do presente ano. Ou seja, prevê-se que as Comissões de Instrução (CI) possam entregar em breve os respetivos pareceres, permitindo o início dos trabalhos do segundo grupo, que irá fixar os montantes a atribuir.
  4. Na sua quase totalidade, as pessoas escutadas pelas CI têm reportado um feedback positivo, afirmando sentirem-se verdadeiramente escutadas e até mesmo reparadas. Tal como previsto, as pessoas cujo relato já foi efetuado previamente e está devidamente documentado não têm de o repetir, mas tão somente, em algumas situações, clarificar alguns aspetos em concreto. Ainda assim, algumas pessoas desejaram voltar a relatar a sua experiência abusiva, afirmando mesmo que tal as ajudava a sentirem alguma libertação e sensação de alívio.
  5. Confrontado o Grupo VITA com as queixas concretas de duas pessoas que foram escutadas no âmbito destes processos, importa salientar que:
    1. Nunca o Grupo VITA pediu para que alguém repetisse novamente a situação abusiva que vivenciara. O que é pedido, por vezes, são algumas clarificações, quando os relatos disponíveis são relativamente vagos. Sublinhamos que, sem as devidas clarificações, o processo de tomada de decisão posterior, quer em termos do parecer por parte da CI, quer em termos do montante a atribuir pelo segundo grupo de trabalho, pode ser dificultado.
    2. Em relação à queixa de que a entrevista terá decorrido sem a devida empatia, nessa entrevista em concreto, bem como em outra (um total de dois processos), o Grupo VITA fez-se representar por outro profissional. Ou seja, em todas as entrevistas (com exceção destas duas), o Grupo VITA é representado pela sua coordenadora, Rute Agulhas, ou por Alexandra

Anciães, elemento do Grupo Executivo, exatamente pelo facto de terem ambas quase três décadas de experiência profissional neste tipo de situações, inclusive como peritas forenses. Em dois casos tal não aconteceu por se tratarem de pessoas denunciantes com quem ambos os elementos do Grupo VITA já tinham contactado antes, o que poderia comprometer a necessária imparcialidade num processo de avaliação desta natureza. Em ambos os casos, o processo de entrevista foi conduzido por psicólogas com elevada experiência profissional, quer na área clínica, quer forense, e que integram, inclusive, a Bolsa de Profissionais do Grupo VITA – exatamente por serem psicólogas especialistas com elevada formação nesta área em concreto.

  1. Refira-se ainda que todas as entrevistas conduzidas pela CI decorrem ao ritmo da pessoa que é escutada e que, sempre que é necessário, é agendado um outro momento, exatamente para garantir que a pessoa se mantém estável e regulada do ponto de vista emocional e que toda a informação relevante é recolhida.
  2. O Grupo VITA apela ao contacto por parte de todas as pessoas que tenham vivido, ou estejam a viver, uma situação de violência sexual no contexto da Igreja Católica em Portugal, para que possam receber a ajuda de que necessitem.

 

Lisboa, 18 de março de 2025

 A Coordenadora do Grupo VITA

Rute Agulhas 

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